Santas Histórias

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Histórias para Crianças e Adultos Cheios de Fé |

Tão somente uma página...


Na sua opinião, qual deveria ser a atitude de um católico diante de alguém que rasgasse uma página… tão somente uma página da bíblia na sua frente? Posso até imaginar a resposta. Entretanto, há várias ocasiões na vida que precisamos ser bons observadores para tomar a atitude adequada segundo a vontade de Deus. Aliás, foi o que aconteceu com o Pe. Sebastião.


 


Um padre estimado como um verdadeiro pai.


Havia vários anos que o Pe. Sebastião se encontrava como missionário numa pequena aldeia do interior do país. Aos domingos, dava aulas de catequese às crianças, para logo em seguida celebrar a Santa Missa. Por isso, muitos fiéis o tinham como um verdadeiro pai.


No entanto, não era este o caso de um homem chamado Akil. Eventualmente, sempre chegava cedo à paróquia, junto com as crianças da catequese, mas nunca entrava na igreja. Assim, ficava sentado nos degraus em frente à porta, fumando sem parar. Quando o padre saía da Missa, tentava puxar uma prosinha com aquele infeliz, a fim de conversar com ele sobre as coisas de Deus. Seus esforços, todavia, eram vãos.


 


Akil, um batizado revoltado contra Deus.


Akil e seus parentes haviam sido instruídos na Fé pelos missionários. Todavia, pouco depois de receberem o Batismo, uma epidemia espalhou-se pela região e os membros daquela família foram morrendo um a um. Assim, restou a Akil apenas uma sobrinha, a jovem Sadhika, de quem ele teve que cuidar. Desde então, perturbado pela dor de tais perdas, Akil se revoltara contra Deus, deixando de rezar e de frequentar os Sacramentos.


A pequena pedia que a levasse à igreja, insistindo para que também assistisse à Missa, ao que sempre negava. Contudo, terminada a celebração, Akil, mal-humorado, tomava a criança pela mão e ia embora.


 


Fazer charutos com folhas da Bíblia!


Um dia, quando o religioso voltava da casa de um doente, no bairro de Sadhika, esta saiu correndo ao seu encontro, chorando.


– Padre, o senhor precisa vir comigo!


– Que aconteceu?!


– Padre! O senhor tem que falar com meu tio! Ele não quer mais me levar à igreja porque diz ser muito longe, e também não quer que eu vá sozinha… Por favor, socorra-me!


Cheio de compaixão, ele foi até a choupana de Akil e o encontrou sentado num cantinho do quarto, ocupado em fazer seus charutos. Posteriormente, viu numa mesinha a seu lado uma Bíblia aberta… Teria ele se convertido? Aproximando-se, antes que pudesse dizer qualquer palavra ouviu o som de uma folha rasgando-se… Akil acabara de puxar uma página da Bíblia! Espantado, o padre Sebastião exclamou:


– Pare! O que está fazendo?! Sem ao menos erguer o olhar, Akil respondeu:


– Não posso sequer enrolar charutos em minha própria casa e aparece um padrezinho para intervir, hein? Saia daqui!


E puxou outra folha grotescamente, prosseguindo seu “trabalho”…


– Não!!! A Bíblia…


– Ha, ha, ha… Uso-o para fazer meus charutos.


 


Docilidade às inspirações divinas.


Indignado, o sacerdote avançou para arrebatar-lhe o Livro Sagrado das mãos, quando, de súbito, ocorreu-lhe uma ideia e disse:


– Escute, o senhor faz isso todos os dias?


– Claro! Sempre que preciso de um charuto. E sem fumar eu não vivo…


– Bom, então façamos um trato: cada vez que for arrancar uma folha da Bíblia, leia antes.


Akil replicou:


– Que perda de tempo! O que vou ganhar com isso?


– Espere e verá! Leia tão somente uma página por vez e acabará recebendo uma enorme recompensa…


Desconfiado, mas um tanto curioso, ele concordou.


 


A força da palavra de Deus.


Passaram-se algumas semanas. Inesperadamente, certo dia, antes da Missa, ouviu alguém bater de forma desesperada à porta da sacristia.


Qual não foi sua surpresa ao encontrar Akil, com os olhos cheios de lágrimas…


– Padre, preciso falar com o senhor! Comecei a ler cada folha da Bíblia como combinamos. Entretanto…


Deteve-se por um instante para mostrar-lhe o papel que trazia nas mãos e disse:


– Veja: aqui estão as palavras que, como um relâmpago, iluminaram meu coração nesta manhã…


O padre logo viu o trecho: “Lembra-te da ira do último dia, e do tempo em que Deus castigará” (18, 24). Akil continuou:


– Passei todos estes dias meditando sobre o rumo que havia tomado minha vida. Então, a cada página que lia, sentia como se o próprio Deus me falasse, recriminando-me por haver afastado d’Ele. Mas, hoje…


Olhando bem para o sacerdote, acrescentou:


– Sempre quis ser missionário, como o senhor. No entanto, a insolência com que respondia às suas amabilidades era, na realidade, uma barreira para não me deixar levar por elas. Quanto tempo desperdicei inutilmente! Quanto caminho andado em sentido contrário! Mas, será que ainda é possível realizar este sonho?


Sem poder acreditar no que ouvia, o religioso disse, cheio de contentamento:


– Certamente!


Akil pediu para confessar-se e passou a morar na paróquia, onde desempenhava com alegria os mais humildes serviços. Às vezes, ao cair da tarde, o padre Sebastião dava-lhe aulas de teologia e liturgia. E à noite passava horas a fio em adoração diante do tabernáculo, pedindo perdão a Jesus por ter vivido afastado d’Ele por tão longo tempo.


Sadhika foi acolhida pelas Irmãs da Caridade. Passados alguns meses, Akil embarcou para Portugal, a fim de ingressar no seminário.

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